quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Usabilidade: ainda são poucos os profissionais desta área no Brasil



Quando você está na internet navegando, como agora, por exemplo, não percebe que alguns sites são mais fáceis de acessar do que outros? As informações são encontradas de forma simples, as páginas e links estão definidos de maneira clara e direcionam para o lugar certo, e o desenho da página chama a atenção, sem conter poluição visual.

Para que tudo isso aconteça está começando no Brasil a atuação de um profissional bastante específico na internet: o profissional de usabilidade. Mas o que é usabilidade? Pela definição da International Organization for Standardization (ISO 9241-11, de 1998), usabilidade é a medida pela qual um produto pode ser usado por usuários específicos para alcançar objetivos específicos com efetividade, eficiência e satisfação em um contexto de uso específico.

Ultrapassando a definição da norma, na rede a usabilidade está relacionada aos estudos de ergonomia e da interação humano X computador, ou seja, trabalhar e estruturar tanto os textos, como as ferramentas da página de forma que o usuário possa navegar com facilidade, entendimento e eficácia, alcançando seus objetivos com aquele acesso. 


Amyris Fernandez, que é CEO da Usability Expert - empresa de engenharia de usabilidade – e autora de dois livros no exterior: “Trabalhando em Comunidade” e “Experiências Expandidas” afirma que no Brasil essa função ainda é confundida com o trabalho do arquiteto de informação.

“Lá fora [exterior] as funções dos profissionais que atuam na internet estão muito bem delimitadas. Aqui ainda é muito bagunçado. Não dá para culpar ninguém, porque o mercado é novo, o interesse é nascente, embora crescente também”, pondera.

De acordo com Amyris, a norma ISO tem uma visão muito restrita do que é a função de usabilidade, pois na opinião dela, está preocupada apenas com a capacidade de uma pessoa executar tarefas na web, o que causa a tal confusão com arquitetura de informação.

“Já devíamos estar um passo adiante da usabilidade, que é o design de interação. Porque há outros elementos que precisamos considerar, que não são pura e simplesmente de qualidade de interação da interface, mas também dos objetivos de negócios da mesma. Para fazer esse trabalho, é necessário entender psicologia cognitiva, arquitetura da informação, taxonomia [classificação dos temas ligados à área], sistemas, linguagem de programação, limitação de hardware e também, precisa entender de negócios, senão o profissional não vai pra frente”, enfatiza.

A usabilidade no Brasil ainda não é vista como um cargo estratégico nas empresas, mas muitas já praticam as funções do profissional – muitas vezes sem qualificação, é verdade – sem saber. Em geral, equipes de profissionais de web, estão aprendendo na base de erros e acertos.

É o que aconteceu com a empresa Publiweb, onde trabalha o diretor Conrado Adolpho. Autor do livro Google Marketing, livro nacional de marketing digital mais vendido em 2008, ele afirma que muitas pessoas aprendem, atualmente, por meio da experiência na própria internet.

“Hoje você aprende muito fazendo. Quem atua nessa área está fazendo escola. Foi o que aconteceu com a Publiweb. Ao longo dos anos, o que fizemos foi testar ferramentas, ver se dava certo, e como deu, começamos a aplicar com nossos clientes”, explica.

Hoje, a empresa de Conrado tem tanto know-how na área que realiza as negociações diretamente com a alta direção das empresas e não com departamentos de marketing. “Por volta de 2002, as empresas começaram a ver que a internet precisava de plataformas de negócios consistentes para gerar receita. Foi aí que começou a otimização dos sites com Google, a utilizar a web para contatos com chats, fóruns etc., mas a usabilidade ainda não tinha vindo para cá, é recente mesmo, e está começando a se profissionalizar agora porque o mercado caminha à medida que o público exige aquilo e que a concorrência faz com que você mude, se adapte ou crie coisas novas”.

Empresas de comércio eletrônico foram as primeiras a atentar para a necessidade desse novo profissional, que é raro e visto com olhos bastante atentos e aguçados pelo mercado.

Na Catho Online existem dois profissionais que atuam como analistas de usabilidade. Renato Casseb é um deles. Graduado em Design Gráfico pela Universidade Estadual de Londrina, com Mestrado em Design com ênfase em Ergonomia, IHC e Usabilidade pela PUC- RJ, o profissional atua na área desde 2003.

Para ele, o perfil do profissional não é tão claro, e a tarefa exige senso crítico aguçado. “O profissional precisa atuar alinhado com as recomendações usuais para um design centrado no usuário, conhecer e aplicar os métodos para identificação das características de uso deste e eventuais problemas no objeto de estudo, ser um ótimo observador e estar sempre focado nas necessidades do internauta. Recomendo também muita leitura em áreas correlatas, como comunicação, design e psicologia cognitiva para quem quer ingressar nessa área”, resume.

Se a internet se tornou a fonte mais procurada para uma pessoa obter informações, a usabilidade seria o trabalho de garantir a satisfação do usuário em determinada página da rede.


“Quanto melhor a usabilidade de um sistema, menor será o esforço para um usuário atingir seu objetivo e maior será a satisfação do mesmo”, e completa: “A concorrência na web segue uma tendência em alta e sites que não possuem uma interação satisfatória vão perder espaço para o concorrente. Além disso, a usabilidade comprovadamente reduz o custo de desenvolvimento dos projetos, pois evita retrabalho pós produção. Investir em usabilidade melhora a imagem da empresa, aumenta as vendas e consequentemente dá retorno”, conclui.



Um comentário:

AIED disse...

Estamos montando um canal no Youtube sobre Interação Humano-Computador baseado no livro do autor David Benyon, segue o link:

http://www.youtube.com/playlist?list=PL702DA056109B30A3


Obrigado a todos.