terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Design é projeto, não ilustração

Recentemente acompanhei uma discussão, num grupo do Linkedin, que começava com a afirmação de que atualmente havia um certo "excesso de design" em muitos sites. Essa afirmação se referia, na verdade, ao excesso de elementos gráficos, tipos, cores, formas, ilustrações e imagens, em detrimento da qualidade da informação ou da função prática da página. Enfim, firulas demais e conteúdo de menos.
Mas será que podemos mesmo chamar todos esses excessos de "design"?

Menos é mais, acredite.

Esse "excesso de design" citado na discussão vem a ser, na verdade, um excesso de elementos estéticos desprovidos de função, e nenhum elemento deveria estar em uma interface sem possuir uma função definida. O design deve agregar apenas elementos que possuam um objetivo dentro da função do produto.
Em muitos casos, partir para o minimalismo e privilegiar a funcionalidade seria o ideal. O problema é que fazer o mais "simples" é sempre mais difícil. O excesso de recursos, de elementos estéticos ou de conteúdos vem justamente da falta de refinamento e da capacidade de sintetizar a mensagem, principalmente numa mídia tão efêmera como a web. Todo esses excessos mostram na verdade a falta de um design bem projetado.
Podemos dizer também que parte desse excesso advém da falta de parâmetro profissional para delinear projetos de forma concisa. Essa, na minha opinião, é uma das consequências da falta de uma regulamentação da nossa profissão.

Design = Projeto

No livro+DVD Alexandre Wollner e a formação do design moderno no Brasil da editora Cosac Naify, o designer gráfico Alexandre Wollner dá uma grande contribuição nessa discussão, explicando o que é o design em sua concepção:
Design é projeto, não ilustração. Capa de disco não é design, caixa de sabão em pó não é design. Se eu projetar a caixa para fazer com que o pó caia facilmente, isso é design. Mas pegar uma caixa quadrada ou retangular e pintá-la de vermelho e branco não é. Isso até poderia ser design se se tratasse de uma linha de produtos, pois a preocupação com o comportamento da identidade de uma empresa entraria como parte da ilustração das caixas. Quem fizer apenas a ilustração de uma caixa e submetê-la à pesquisa de mercado vai acabar fazendo o que a McCann Erickson fazia tempos atrás, quando eu trabalhava lá. Eles produziam milhares de versões de embalagens dos cigarros Continental para o cliente escolher. Isso pode ser design?
Compartilhando dessa mesma linha de raciocínio, posso dizer que na web o design refere-se a um projeto visual, funcional e interativo, coisa que vai muito além da produção estática. Dentro do projeto de um website, o design encerra todo um projeto em si, analisando requisitos e público-alvo, planejando e implementando soluções em usabilidade e interação. É claro que elementos estéticos (imagens, tipos, cores e formas) possuem sua função psicodinâmica, mas ela não funciona de forma isolada em um website, e sim integrada à arquitetura de informação e a conteúdos, à usabilidade e à interatividade da interface. Para que tudo isso possua uma sintonia, é imprescindível um projeto bem elaborado.
E você, concorda com essa definição do design? Comente e deixe sua contribuição para essa discussão.

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