quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Afinal, o que é usabilidade?


Certa vez Frederick van Amstel foi entrevistado pelo jornalista Marcio Oliverio do jornal Expositor Cristãolink para um novo site e o resultado foi uma explicação sobre Usabilidade que até um leigo no assunto pode entender.
Marcio: O que é usabilidade ?
Frederick: Usabilidade é sinônimo de facilidade de uso. Se um produto é fácil de usar, o usuário tem maior produtividade: aprende mais rápido a usar, memoriza as operações e comete menos erros.

M: Onde ela é aplicada ?
F: Sempre que houver uma interface, ou seja, um ponto de contato entre um ser humano e um objeto físico (ex: cafeteira) ou abstrato (ex: software), podemos observar a usabilidade que esse objeto oferece.
Historicamente, o termo usabilidade surgiu como uma ramificação da ergonomia voltada para às interfaces computacionais, mas acabou se difundindo para outras aplicações.
M: Como a usabilidade pode ajudar pessoas com necessidades especiais, terceira idade e problemas cognitivos?
F: Usabilidade é uma medida relativa. O mouse é fácil de usar, mas para quem? Uma trackball pode ser mais fácil de usar por quem tem deficiência motora ou sofre de LER. A interface ideal é aquela que está adaptada às necessidades de seus usuários. O usuário de terceira idade pode precisar de textos com letras maiores e o usuário com desvantagem cognitiva pode precisar de alguns textos de ajuda a mais.
M: Para qual tipo de empresa os testes são indicados?
F: Testar um novo produto é essencial em qualquer ocasião, mesmo que seja só para saber se deu certo ou não. é possível realizar testes sem nenhuma cerimônia, apenas observando um amigo ou colega de trabalho durante o uso. Com olhar crítico, é possível obter muitas idéias de melhorias para o produto dessa forma.
M: Qual o custo dos testes ?
F: Se a empresa puder contratar um consultor especializado, digamos à R$60 a hora, e alugar um laboratório de usabilidade por R$1.200, é possível obter resultados muito mais precisos. O consultor pode discernir melhor entre um problema para um usuário individual e para todos os demais, enquanto que o laboratório oferece infra-estrutura para observação do teste, captura e análise de dados.
M: As empresas costumam investir na usabilidade?
F: No Brasil, poucas empresas reconhecem o valor da usabilidade. A maioria prefere investir numa campanha publicitária que faça o produto parecer fácil do que realmente torná-lo fácil através do envolvimento do usuário durante seu projeto.
Acredito que isso seja consequência da visão míope do empresariado brasileiro que sobrevaloriza resultados a curto prazo. Ao invés de estabelecer uma relação duradoura com seus clientes oferecendo um produto ou serviço de alto nível, eles preferem obter o máximo de lucro no menor tempo possível. Em última análise, é fruto da consciência de elite predatória, que se estabeleceu nessas terras desde que os portugueses chegaram...
M: Como você enxerga o mercado de usabilidade no futuro?
F: O mercado de usabilidade, mesmo no Brasil, está em franca expansão. Especialmente no Sudeste, empresários antenados já perceberam que vale à pena investir nisso e estão contratando profissionais especializados e empresas de consultoria.
Meu medo é de que se estabeleça uma cultura de testes isolados ao invés de testes integrados à uma metodologia de projeto centrada no usuário. é muito mais importante estar em contato com o usuário desde o início do projeto do que somente testar se está fácil de usar quando o produto já está acabado e, portanto, mais difícil de ser alterado em virtude do teste.
Por: Frederick van Amstel.
Este artigo foi publicado originalmente em www.usabilidoido.com.brlink para um novo site (Setembro 2005)

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